Racismo na Secretaria de educação de Bauru. Escola Estadual Ernesto Monte

Como docente de sociologia, concursado e negro. Sofri grande constrangimento e racismo na escola aonde lecionei durante dois anos, a Escola Estadual Ernesto Monte, fui professor e morador de Arandu e pedi remoção para Bauru, e infelizmente durante dois anos percebi como o racismo em Bauru é institucionalizado e corporativo, onde os responsáveis pela ações inibidoras são os que mais praticam o ato.
Sou um docente que gosta de trabalhar com projetos e discussão em sala de aulas sobre os problemas sociais e como devemos compreender os fenômenos sociais e a partir dai lutar para melhorar a convivência com todos. No inicio do ano letivo, mesmo com vários relatos de professores e alunos me informando sobre o racismo na escola, eu tentei trabalhar esses problemas, mas com o tempo esses atos foram se intensificando e me incomodando.
No primeiro ano trabalhei com os alunos a grade curricular e os projetos que trabalhei com os alunos e fui apoiado pela direção, mas percebi que todos os projetos que trabalhava os méritos iriam para a direção e a coordenação, como se eu fosse apenas um coadjuvante de todo o meu trabalho junto com os alunos. 
Com o tempo percebi que a diretora da escola que esta a 30 anos na direção trata os alunos negros e pardos de forma muito diferente dos alunos brancos, ela ofendia os alunos negros e pardos, chamando eles de urubus, corvos, e falava para alunas negras e pardas para prederem os cabelos para não passarem piolhos para os outros alunos. 
No segundo ano, apos varias ofensas aos alunos, acabei convencendo alguns alunos a relatarem e reclamarem e foi em vão, eu mesmo denunciei na diretoria de ensino esses atos, e a supervisora da escola na diretoria de ensino me informou que os alunos que deveriam denunciar, mesmo eu como professor concursado denunciando, foi então que percebi que o racismo esta institucionalizado, e o corporativismo na diretoria de ensino não iria fazer nada para mudar as atitudes da direção e da escola.
Alguns pais vieram falar comigo e pedi  para denunciar para a diretoria de ensino, mas eles tinham receio de prejudicar os filhos e acabavam aceitando essa situação. Para tentar remediar a situação, foi feito um dia de debate sobre o racismo na escola, ao qual os alunos contaram as suas historias que aconteciam com eles por serem negros, pardos ou filhos de negros e o racismo que sofreram, tanto que teve professoras que não sabiam dessas situações e choraram. 
Eu como professor, me senti tão mau morando nessa cidade, nessa situação, ao qual uma diretora e a diretoria de ensino se articulam para saírem impunes do racismo institucionalizado que pedi remoção para São Paulo. 
O grande problema é que as pessoas que agem de forma racista, não se consideram racistas, e não percebem como os seus atos afetam os outros, a diretora por estar a tanto tempo na escola, que considera como se a escola fosse propriedade sua e acha que tem o direito de tratar as pessoas como ela quiser, e a diretoria de ensino por viver em uma cidade racista, considera que os grupos de pessoas negras e pardas são pessoas de segunda classe que não deveriam reclamar de sua situação. 
Como já havia escrito em textos anteriores, a forma que são tratados os alunos negros e brancos de forma diferente, acaba fazendo com que o racismo persista.
Estou relatando esse fato para se criar uma discussão de como o racismo esta institucionalizado, que as pessoas que estão no poder abusam por saber que não serão punidos por estar em grupo que fecha os olhos para os erros desse grupo.  Torço para que um dia essas pessoas saiam dos cargos e entrem pessoas com mais moral e ética. 


Comentários

  1. Nossa um pai com receio de denunciar um absurdo desse como o racismo estamos mais atrasados do que imaginava. Racismo descarado de deve ser combatido

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  2. Você mesmo escreveu está institucionalizado. Eu sinto muito. Por ser sua irmã me sinto orgulhosa e triste ao mesmo tempo.

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