Por que a greve dos professores é inexistente
A secretaria da educação de São
Paulo diz que não há greve dos professores, que a maioria dos professores estão
em sala de aula, que o sindicato não está reprentando os interesses dos
professores e da educação. Mas qual será
realmente o problema de haver pouca adesão dos professores na greve, vamos
tentar analisar por partes.
A direção e supervisão escolar no
início do ano receberam aumento, mesmo os professores que estão alocados como
vice e diretor, por medo de perder o cargo insistem em não apoiar a greve,
mesmo que depois sabem que podem voltar a sala de aula e diminuir drasticamente
o salário. E nessa condição eles acabam manipulando as informações e
influenciando os professores a não aderirem a greve, criando um clima de
descontentamento.
Os professores alocados na
diretoria de ensino, muitos se esqueceram que já deram aula, e que podem voltar
a dar aula, muitos estão alocados a muito tempo na diretoria de ensino, que
acreditam que o cargo já lhes pertencesse. Vários professores estão alocados
como professores coordenadores na diretoria de ensino, que na realidade não tem
papel pratico algum, apenas para acomodar alguns escolhidos. A professores que
deveriam dar suporte técnico aos professores nas escolas, aos quais nunca saem
da diretoria de ensino, enviam toneladas de arquivos e documentos para os
professores coordenadores nas escolas para lerem e responderem, mas na vida
pratica apenas serve para mostrar a inutilidade do papel deles como profissionais. E da mesma forma, por medo de perderem o
cargo, não lutam por melhorias na categoria, e criticam com unhas e dentes quem
está lutando.
Os professores coordenadores
alocados nas escolas, da mesma forma que a direção escolar, por medo de perder
o cargo, mesmo sendo o cargo que mais exige, pois ele nunca tem como fazer
realmente o que deveria, como ajudar e cuidar da parte pedagógica, acaba
cuidando da parte da gestão escolar, muitos por medo de perder o cargo, pois
quem decide a manutenção do professor coordenador é o diretor, os professores e
o conselho não tem poder nenhum. Mesmo quando o coordenador é um bom
profissional, mas não realiza trabalhos que deveriam ser da gestão, acaba
perdendo o cargo. Um bom motivo para não entrarem em greve.
Professores efetivos que não
entram em greve, muitos se declaram cansados de tanta luta e simplesmente
perderam a esperança de mudança, há professores com mais de vinte anos de
magistério que com todas as evoluções e bonificações, ganham praticamente
1300,00 a mais que um professor iniciante com 40 horas semanais. Um
profissional de nível superior com esse tempo de experiência em qualquer outra
área estaria ganhando pelo menos o dobro. A desmotivação profissional acaba
trazendo problemas para todos.
Os professores que estão alocados
nas escolas em tempo integral. Não há nenhuma escola em tempo integral com
professor em greve, por que? Por que eles têm um contrato de um ano, que pode
ser extinto a qualquer momento pelo diretor e pela diretoria de ensino, por não
estar cumprindo com o seu papel profissional, o professor em escola em tempo
integral ganha praticamente mais do que um professor com 25 anos de carreira.
Muitos por medo de perder o cargo em escola em tempo integral, não entram em
greve.
A exemplos cada vez mais claros
de que a área da educação se tornou há menos atraente das profissões. O
professor que iniciou na carreira a pouco tempo, vai até ficar feliz por um
certo período de tempo com o salário, mas após alguns anos ele vai perceber que
está defasado profissionalmente, e não é reconhecido. E com isso, a qualidade
vai diminuindo, mesmo que ele faça cursos e continue estudando, mas não é
reconhecido.
O estado usa a sua força de dar
cargo para uns poucos para pressionarem uma maioria que não é reconhecida profissionalmente.
Isso acontece em todas as profissões do estado, mas na educação se tornou
epidêmica e alarmante.
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