Uma Critica a Modernidade liquida

    Venho através de este artigo discutir alguns pontos sobre a teoria do sociólogo Polonês Zygmunt Bauman, ao qual se discute sobre o fenômeno de liquefação social e suas repercussões para as vidas humanas nas suas diferentes esferas.
    De acordo com Bauman, como conseqüência, vivemos um tempo de transformações sociais aceleradas, nas quais as dissoluções dos laços afetivos e sociais são os centros das questões. Segundo ele, a solidez das instituições sociais, (do estado de bem estar, da família, das relações de trabalho, entre outras) perde espaço, de maneira cada vez mais acelerada, para o fenômeno de liquefação.
   Os valores antigos como o sistema paternal, a injeção do Estado como cura social e a harmonia social, não existem mais por causa de fatores como a modernidade, competição de mercado e o próprio individualismo humano que rompeu os traços da solidariedade orgânica que se torna mais orgânica ainda.
  O termo indivíduo refere-se aqui ao crescente processo de individualização descrito pelo autor. O estado, não esta mais sendo o pilar que sustenta a sociedade, com a sua solidez, mas esta perdendo força a partir das novas transformações da sociedade.
   Houve uma dissolução nas estruturas públicas e sociais, neste contexto, a cultura do Eu sobrepõe-se à do Nós, e o relacionamento eu-outro ganha ares mercantis, em que os frágeis laços têm a possibilidade de serem desfeitos frente a qualquer desagrado de ambas as partes. Com a passagem do Estado sólido para o Estado liquido, Perde-se a vertente da coletividade.
   Conseguimos observar a visão contemporânea na visão de Bausman em livros de outros autores brasileiros como Milton Santos (Por uma outra globalização - 2000), e Fernando Henrique Cardoso (Dependência e Desenvolvimento na América Latina- 1969). Ao quais os autores discutem o papel do Estado nessa nova onda de globalização e como estão afetando os Estados menores e criando novos valores aos quais as sociedades estão perdendo a sua identidade, perdendo a confiança nos valores sólidos que regem a sociedade.
    Tenho algumas criticas sobre a visão contemporânea de Bausman, principalmente no quesito de enfraquecimento das instituições como o estado, família, trabalho e sociedade.
    Consigo observar como Bausman, as mudanças na sociedade e como ela esta se tornando cada vez mais orgânica, que o individual esta se sobrepondo ao coletivo, mas temos que observar que as instituições têm que mudar junto com a sociedade e não se tornar estáticas. O que torna a sociedade uma sociedade organizada, é que as pessoas acreditam nas instituições, que são essas instituições como o Estado que torna a sociedade organizada, acreditando nas leis e punições da sociedade.
   Se um dia realmente a sociedade não mais acreditar que as instituições não mais a representam, que não organizam a sociedade, que não existe motivo para a sua existência, a sociedade entrara em total anarquia. Creio que a sociedade esta mudando, os valores estão mudando, existem novas formas de socialização e organização e a grande responsabilidade sobre isso é o capitalismo globalizado. Portanto devemos ter uma visão liberal, e a mais importante regra do capitalismo e o direito a propriedade, e para que aja o direito a propriedade, tem que haver um estado forte que garanta isso a todos.
    Sobre a instituição Família, não creio que a família esteja perdendo força, mas esta mudando sim, como toda a sociedade, esta se tornando menor e mais responsável pela cuidar de sua prole. Em todas as sociedades, desde os primórdios da humanidade, a família é a instituição mais forte, é o que nos une, onde são repassados os nossos valores e crenças, no que realmente acreditamos. Mesmo que com a modernidade e novas formas de socialização, o conceito de família ainda é o instinto mais básico de todo ser humano, por mais individualizada que seja a pessoa, ela sempre procura o meio familiar para dar sentido à sua vida, senão a vida se torna incompleta. O homem só é homem quando vive em sociedade, e a sociedade mais básica é a instituição familiar.
    Em um mundo competitivo e de consumo, o trabalho e acumulação de capital se torna o principal desejo de todo ser humano. Mas temos que perceber que com a evolução da tecnologia e da sociedade com suas novas formas de socialização, o trabalho se tornou mais complexo, não que esteja criando uma sociedade alienada, mas uma sociedade mais consciente do seu real papel no trabalho, mas esta deixando um vácuo para o seu real papel na sociedade. As empresas e o trabalhador buscam cada vez mais formas de conviver em harmonia com o lazer e o trabalho, senão há perda de rendimentos e produtividades.
    Há um mito de que as grandes corporações tenham o interesse de tomar o lugar do Estado na organização política e social, mas se observar bem os movimentos das grandes corporações, percebera que elas batalham sim por espaço no Estado, mas não desejam tirar o papel regulador do Estado, senão não haveria garantias de uma sociedade organizada que possa criar capital.
     As instituições devem ser fortes e sólidas para que a sociedade acredite nelas. Na historia há vários exemplos de instituições que demonstraram desconfiança e se enfraqueceram de tal forma que dificilmente irão retomar o poder perdido, um exemplo é a fragmentação da igreja católica no inicio do século XVI, e inicio da igreja evangélica. Outro exemplo seriam as guerras civis que estão exigindo a queda de ditadores no oriente médio, como o Egito, Líbia, Ira e etc. nesse caso, é que a sociedade não acredita mais que o Estado esteja organizando a sociedade de uma forma que traga harmonia.  
      A sociedade esta mudando, criando novas formas de socialização, novas formas de trabalho, família, e principalmente, criando um novo Estado, por que se a sociedade muda, as instituições devem mudar com ela, mas sem perder a sua solidez.

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